O que acontece quando você decide se encontrar
Acredito que o processo do autoconhecimento é uma construção contínua, sem um ponto final definido. A cada etapa da vida, em cada fase que atravessamos, somos levadas a acessar uma nova camada de nós mesmas, muitas vezes sem perceber, como se a própria vida nos conduzisse de forma sutil à revelação de algo que ainda estava oculto. Estamos em constante transformação, em movimento de evolução, e cada pessoa se encontra em um ponto muito particular da sua jornada, vivendo experiências únicas que merecem ser reconhecidas e respeitadas.
Dentro dessa compreensão, percebi que guardar apenas para mim os aprendizados que a vida me trouxe seria uma forma de egoísmo. Aquilo que vivi, que senti e que elaborei pode, de alguma maneira, servir como ponte para outras pessoas. Não porque elas devam trilhar o mesmo caminho ou passar pelas mesmas fases, mas porque, ao compartilhar o que vivi, posso oferecer referências que facilitem a reflexão, a conexão e talvez o despertar de algo que, sem determinadas ferramentas, não seria acessado com tanta clareza ou profundidade.
Ao olhar para a minha trajetória, percebo que a busca por autoconhecimento já me acompanhava há bastante tempo, mesmo que, nos primeiros momentos, eu não soubesse nomear esse impulso com exatidão. No início, eu não fazia uma ligação direta entre essa busca e a astrologia. Não compreendia, de forma consciente, por que os símbolos, os arquétipos e as linguagens simbólicas me tocavam com tanta força. Ainda hoje eles me fascinam, talvez porque nesse espaço simbólico eu encontro um sentido mais profundo para as experiências que vivo e para as trocas que me atravessam.
Durante muito tempo, não tive clareza sobre quais caminhos eu poderia ou deveria seguir. Em muitos momentos, me coloquei em lugares internos de não merecimento, como se acessar minhas profundezas fosse um privilégio reservado a outras pessoas. Foi nesse movimento de escuta silenciosa e de busca por sentido que me reconectei com a astrologia. E digo reconectei porque não se tratou de um começo, mas de um retorno, uma reaproximação com algo que já me habitava, mesmo que de forma adormecida.
Ao mergulhar mais profundamente nos estudos e nas leituras, percebi que cada vez que acessava o mapa de alguém, algo dentro de mim também se ampliava. Tornava-se mais evidente que somos, em alguma medida, reflexos das nossas projeções, e não estou me referindo a conquistas materiais ou aparências, mas sim àquilo que valorizamos de verdade, aos nossos princípios e escolhas mais autênticas.
Ter clareza sobre aquilo que é essencial e inegociável para você é como abrir uma janela para outra dimensão do ser. É esse centro interno que nos sustenta nos momentos mais difíceis, e é para ele que podemos retornar quando tudo ao redor parece ruir. Claro que, ao longo da caminhada, somos guiadas por uma imagem idealizada de quem queremos ser. Existe um ideal que orienta nossos passos, mesmo que ele não seja plenamente alcançável. Com o tempo, compreendi que não se trata de atingir uma perfeição, mas de viver o processo que se revela enquanto buscamos esse ideal, com presença, com coragem e com entrega verdadeira.
Tudo isso, para mim, se conecta à essência. Aquilo que você é quando não está tentando agradar, quando não está seguindo um roteiro imposto, quando simplesmente se permite ser. Também aquilo que você acredita ser, e o que enxerga em si mesma quando se olha com honestidade e presença. Estamos nos construindo o tempo todo, e é justamente essa construção viva, imperfeita e sincera que dá sentido à jornada.
Há uma frase que escuto com frequência entre astrólogos e que ressoa profundamente para mim: os astros inclinam, mas não determinam. Já refletiu sobre isso com calma? Eles mostram direções possíveis, revelam tendências e abrem portais de compreensão, mas jamais retiram de nós a liberdade de escolha. O livre-arbítrio permanece como uma força soberana. Por mais que certas energias nos influenciem ou nos orientem, a decisão de como trilhar o caminho é sempre nossa. E talvez tudo fique mais leve quando essa escolha parte da nossa essência, e não de expectativas externas ou padrões automáticos.
Esses símbolos e imagens que compõem o mapa astral se manifestam de formas diversas em nossa vida. Eles aparecem nos sonhos, nos comportamentos, nas projeções, nos mitos que nos tocam, nas histórias que repetimos e também nas que decidimos ressignificar. Por meio do mapa, conseguimos acessar com mais consciência as áreas da vida onde essas forças atuam com mais intensidade.
A astrologia organiza essas experiências em doze casas, cada uma representando um campo específico da nossa existência. Não existe uma ordem rígida ou um roteiro a ser seguido. Ao longo da vida, essas casas são ativadas conforme nossas necessidades internas de aprendizado, expansão ou cura.
O mapa astral é desenhado com base nessas doze divisões do céu, calculadas a partir do local e do horário exato de nascimento. E cada casa representa um tema fundamental: personalidade, posses e finanças, comunicação, casa e família, criatividade e hobbies, saúde e cotidiano, relacionamentos, sexualidade, espiritualidade, carreira, amizades e saúde mental.
Essas doze áreas são como portais por onde passamos em diferentes momentos da vida. São experiências que nos atravessam, às vezes de forma suave, às vezes de forma intensa, mas sempre com algum propósito maior. No centro desse grande círculo está aquilo que nos é mais íntimo. Você.
Então, diante de tudo isso, me pergunto, e deixo a pergunta também para você: que virtudes, que elementos, que qualidades estão aí dentro, adormecidos, esperando por sua atenção? O que pode acontecer quando você escolhe, com presença e intenção, se encontrar de verdade?